Dança do Leão - Simbologia Artes Marciais
A dança do Leão tem uma relação directa com as artes marciais chinesas, sendo um elemento representativo da moral marcial, do estatuto de uma escola e do próprio nível dos artistas marciais que a executam. Actualmente esta dança é realizada em cerimónias importantes como um símbolo para desejar boa sorte, prosperidade e afastar os infortúnios (considerados demónios na religião popular chinesa).
A dança da AAMYP é composta pela utilização de um Leão do Sul, cujas cores predominantes são o preto, amarelo/dourado com realces de vermelho. É executada por duas pessoas, sendo uma responsável pela cabeça e condução da dança, e outra na parte de trás. A cabeça tem uma largura de 45 cm na parte frontal mais estreita, e uma circunferência de aproximadamente 130 cm, assim como uma altura de aproximadamente 72 cm. A estrutura base da cabeça do Leão é de Polietileno e vime, enquanto a carapaça é um composto de papel pintado segundo vários padrões e adornado
Partes móveis permitem o movimento das pálpebras, orelhas e boca para tornar o Leão mais animado. A dança tem uma duração que pode variar entre os 5 a 7 minutos, e normalmente é composta por 3 fases principais; a primeira caracterizada pela exploração do espaço num padrão circular de oito, a segunda de repouso na qual o Leão “adormece e descansa”, a terceira de maior actividade e com uma maior rapidez de movimentos que culmina com 3 vénias e o final da dança. Os movimentos utilizados são bases fundamentais do Gong Fu, predominantemente a posição a cavalo2, estando representados os estilos Punho Longo e Grou Branco praticados em Taiwan, dando-se ênfase ao movimento suave, semelhante ao movimento de um gato, conjugado com movimentos bruscos, designados jing, que manifestam a força e poder dos executantes.
A dança tem um acompanhamento musical executado por 3 pessoas, responsáveis pelo tambor, que marca uma cadência específica que segue os movimentos do Leão, de um gongo e de um par de címbalos, também conhecidos como pratos. Esta dança foi criada em 2009 pelos alunos seniores em Portugal e baseia-se nos conhecimentos transmitidos pelo Mestre Yang Jwing-Ming e representações da dança da YMAA Boston realizada em 1992.
A transmissão da dança é semelhante ao ensinamento tradicional de Gong Fu, no qual o mestre espera que os alunos, após atingirem um certo nível e com as bases aprendidas, sejam capazes de criar uma dança criativa respeitando os padrões da escola. Foram mantidos movimentos específicos característicos da escola e do estilo, alguma uniformidade nas fases e, mais importante, o ritmo e a cadência do tambor particular da nossa associação.
O Mestre Yang é original de Taiwan, e aprendeu o ritmo e jing do estilo Grou Branco de Shaolin, proveniente de Fujian, China, através do Grão-Mestre Zeng Jinzao, após 12 anos de treino. O Grão-Mestre Zeng por sua vez aprendeu com o seu mestre Jin Shaofeng, após 23 anos de treino. Ambos viviam isolados nas montanhas perto de Taipei, dedicando-se exclusivamente às artes marciais e agricultura de subsistência. Como eram analfabetos, as técnicas, formas, tradições e conhecimentos eram transmitidas oralmente, sendo por isso quase impossível seguir o rasto destas tradições marciais até ao seu começo.
Embora não haja registos do criador, sabe-se que o Leão da AAMYP é um Leão Fat San, pois a cabeça tem uma forma mais arredondada e uma boca curvada para cima, enquanto que a cabeça do Hok San é mais longa e sua boca é plana e em forma de bico de pato.
As cabeças tendem a ser pesadas, podendo pesar entre 5 a 20 quilos, dependendo da quantidade de enfeites e decorações. Este tipo de Leão não foi apenas usado para fins religiosos mas também para o treino das artes marciais. Os passos da dança seguem de perto o estilo de Gong Fu da escola e o peso da cabeça ajudava a fortalecer o corpo. Embora o estilo Grou Branco esteja muito associado ao Leão Hok San, a YMAA utiliza o Fat San, pois na área de Taiwan este Leão foi mais prevalente.